Publicada em 13/7/2010
Grupo quer tirar nome de Médici de praça na PUC
Movimento contra herança da ditadura quer homenagear Frei Tito
Delma Medeiros
DA AGÊNCIA ANHNAGUERA
delma@rac.com.br
Um movimento organizado por entidades da sociedade civil e pelo Centro Acadêmico XVI de Abril, da Faculdade de Direito, busca mudar o nome de uma praça localizada no campus 1 da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). A mobilização pede que a Praça Emílio Garrastazu Médici seja renomeada para “Frei Tito de Alencar Lima”, uma vítima do regime ditatorial. Frei Tito enlouqueceu e se suicidou devido às torturas das quais foi vítima durante o regime militar. O movimento “Praça Emílio Garrastazu Médici Nunca Mais” já recolheu mais de 1,3 mil assinaturas e criou um blog (http://foramedici.blogspot.com/) para divulgar as informações sobre a iniciativa.
O movimento engrossa as iniciativas de reversão de homenagens a pessoas que participaram direta ou indiretamente de ações de tortura. A rodovia SP-332, que liga Campinas a Conchal, mais conhecida como Tapetão, já mudou de nome. Ao invés de “General Milton Tavares de Souza, passa a chamar-se “Professor Zeferino Vaz”.
“Esta é uma reivindicação antiga, mas as tentativas anteriores não tiveram sucesso. Agora retomamos e desta vez, a repercussão superou nossas expectativas”, disse Filipe Jordão Monteiro, do CA XVI de Abril. Segundo Monteiro, o objetivo é reconhecer os verdadeiros heróis do País e reforçar a democracia. “Trata-de de um movimento de reparação”, disse Marcelo Zelic, integrante do grupo Tortura Nunca Mais. A mobilização começou há cerca de dez dias e pretende envolver estudantes, docentes e sociedade civil na proposta de reverter as homenagens feitas a pessoas que praticaram crime contra os direitos humanos.
“Com a volta às aulas, vamos reforçar as ações e pedir a mudança do nome da praça e retirada da placa”, explicou Monteiro. A mobilização informa que luta “pelo direto à memória, à verdade, à justiça, e à lembrança dos que morreram e desapareceram lutando por um Brasil justo e democrático e pela responsabilização dos torturadores do regime militar”. Eles têm a adesão de parlamentares, intelectuais e ex-presos políticos.
Uma moção nesse sentido foi entregue à reitora da PUC, Angela de Mendonça Engelbrecht, assinada pelo professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Caio Navarro de Toledo. No moção, ele cita que a movimento pede que a “odiosa homenagem” feita ao general Emílio Garrastazu Médici, em pleno regime militar, seja definitivamente cancelada. “Tendo em vista o relevante papel que as universidades católicas brasileiras desempenharam na luta pela redemocratização do Brasil é uma profunda indignidade e uma visível incongruência a homenagem que a PUC de Campinas ainda presta ao militar que foi um dos maiores responsáveis pelo endurecimento das perseguições políticas e pela efetiva implementação do nefasto Ato Institucional 5, que implicou mortes, desaparecimentos forçados e torturas de presos políticos”, afirmou Navarro na moção.
A manifestação, que circula pela internet afirma ser justa a homenagem a Frei Tito, uma vítima da tortura. “Manter a homenagem aos algozes do povo brasileiro significa uma violência permanente. Este reconhecimento por parte da PUC-Campinas cumprirá um papel de reparação e uma oportunidade de remissão desta universidade, sedimentando um compromisso com o futuro e não mais com um passado sangrento”, diz o manifesto.
Em nota oficial, a reitoria da PUC-Campinas informou que está ciente do movimento e discutindo internamente a questão. A nota citou que a placa foi descerrada em março de 1973, dia da inauguração do Campus 1, em função do apoio do Ministério da Educação e Cultura da época para sua construção. “De forma alguma a placa representa ou simboliza que a PUC-Campinas compartilha os atos de repressão praticados no período”, informa.
Participam da mobilização, além do CA XVI de Abril; o Núcleo de Preservação da Memória Política; Fórum de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo; Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo; Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe); e Fórum de Direitos Humanos de Campinas.
Rodovia já teve denominação alterada para Zeferino Vaz
Desde o mês passado, a SP-332 passou a se chamar Professor Zeferino Vaz. A Assembleia Legislativa aprovou e o governo sancionou lei de autoria do deputado estadual Milton Flávio (PSDB) que trocou o nome de General Milton Tavares de Souza. Ele afirma que a mudança “vem corrigir a distorção de homenagear pessoas que torturaram ou apoiaram a tortura no Brasil”. “A mudança corrige uma injustiça. A tortura é inaceitável, um crime hediondo e imprescritível. Não tem sentido homenagear, ou manter homenagens a pessoas que sabidamente cometeram crimes contra a humanidade”, disse Flávio. Ele também é autor de um outro projeto, ainda em tramitação na Assembleia, que veda a denominação de prédios, rodovias e repartições pública com nomes de pessoas que tenham praticado ou autorizado atos de tortura. O médico e professor Zeferino Vaz foi o idealizador, fundador e administrador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). (DM/AAN)
Grupo quer tirar nome de Médici de praça na PUC
Movimento contra herança da ditadura quer homenagear Frei Tito
Delma Medeiros
DA AGÊNCIA ANHNAGUERA
delma@rac.com.br
Um movimento organizado por entidades da sociedade civil e pelo Centro Acadêmico XVI de Abril, da Faculdade de Direito, busca mudar o nome de uma praça localizada no campus 1 da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). A mobilização pede que a Praça Emílio Garrastazu Médici seja renomeada para “Frei Tito de Alencar Lima”, uma vítima do regime ditatorial. Frei Tito enlouqueceu e se suicidou devido às torturas das quais foi vítima durante o regime militar. O movimento “Praça Emílio Garrastazu Médici Nunca Mais” já recolheu mais de 1,3 mil assinaturas e criou um blog (http://foramedici.blogspot.com/) para divulgar as informações sobre a iniciativa.
O movimento engrossa as iniciativas de reversão de homenagens a pessoas que participaram direta ou indiretamente de ações de tortura. A rodovia SP-332, que liga Campinas a Conchal, mais conhecida como Tapetão, já mudou de nome. Ao invés de “General Milton Tavares de Souza, passa a chamar-se “Professor Zeferino Vaz”.
“Esta é uma reivindicação antiga, mas as tentativas anteriores não tiveram sucesso. Agora retomamos e desta vez, a repercussão superou nossas expectativas”, disse Filipe Jordão Monteiro, do CA XVI de Abril. Segundo Monteiro, o objetivo é reconhecer os verdadeiros heróis do País e reforçar a democracia. “Trata-de de um movimento de reparação”, disse Marcelo Zelic, integrante do grupo Tortura Nunca Mais. A mobilização começou há cerca de dez dias e pretende envolver estudantes, docentes e sociedade civil na proposta de reverter as homenagens feitas a pessoas que praticaram crime contra os direitos humanos.
“Com a volta às aulas, vamos reforçar as ações e pedir a mudança do nome da praça e retirada da placa”, explicou Monteiro. A mobilização informa que luta “pelo direto à memória, à verdade, à justiça, e à lembrança dos que morreram e desapareceram lutando por um Brasil justo e democrático e pela responsabilização dos torturadores do regime militar”. Eles têm a adesão de parlamentares, intelectuais e ex-presos políticos.
Uma moção nesse sentido foi entregue à reitora da PUC, Angela de Mendonça Engelbrecht, assinada pelo professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Caio Navarro de Toledo. No moção, ele cita que a movimento pede que a “odiosa homenagem” feita ao general Emílio Garrastazu Médici, em pleno regime militar, seja definitivamente cancelada. “Tendo em vista o relevante papel que as universidades católicas brasileiras desempenharam na luta pela redemocratização do Brasil é uma profunda indignidade e uma visível incongruência a homenagem que a PUC de Campinas ainda presta ao militar que foi um dos maiores responsáveis pelo endurecimento das perseguições políticas e pela efetiva implementação do nefasto Ato Institucional 5, que implicou mortes, desaparecimentos forçados e torturas de presos políticos”, afirmou Navarro na moção.
A manifestação, que circula pela internet afirma ser justa a homenagem a Frei Tito, uma vítima da tortura. “Manter a homenagem aos algozes do povo brasileiro significa uma violência permanente. Este reconhecimento por parte da PUC-Campinas cumprirá um papel de reparação e uma oportunidade de remissão desta universidade, sedimentando um compromisso com o futuro e não mais com um passado sangrento”, diz o manifesto.
Em nota oficial, a reitoria da PUC-Campinas informou que está ciente do movimento e discutindo internamente a questão. A nota citou que a placa foi descerrada em março de 1973, dia da inauguração do Campus 1, em função do apoio do Ministério da Educação e Cultura da época para sua construção. “De forma alguma a placa representa ou simboliza que a PUC-Campinas compartilha os atos de repressão praticados no período”, informa.
Participam da mobilização, além do CA XVI de Abril; o Núcleo de Preservação da Memória Política; Fórum de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo; Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo; Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe); e Fórum de Direitos Humanos de Campinas.
Rodovia já teve denominação alterada para Zeferino Vaz
Desde o mês passado, a SP-332 passou a se chamar Professor Zeferino Vaz. A Assembleia Legislativa aprovou e o governo sancionou lei de autoria do deputado estadual Milton Flávio (PSDB) que trocou o nome de General Milton Tavares de Souza. Ele afirma que a mudança “vem corrigir a distorção de homenagear pessoas que torturaram ou apoiaram a tortura no Brasil”. “A mudança corrige uma injustiça. A tortura é inaceitável, um crime hediondo e imprescritível. Não tem sentido homenagear, ou manter homenagens a pessoas que sabidamente cometeram crimes contra a humanidade”, disse Flávio. Ele também é autor de um outro projeto, ainda em tramitação na Assembleia, que veda a denominação de prédios, rodovias e repartições pública com nomes de pessoas que tenham praticado ou autorizado atos de tortura. O médico e professor Zeferino Vaz foi o idealizador, fundador e administrador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). (DM/AAN)
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